Consumo de alimentos ricos nessa proteína deve ser
moderado até mesmo por não celíacos.
"Não contém glúten". Quantas vezes não
lemos essa frase em embalagens de alimentos como pães, biscoitos, bolos,
bolachas e massas? Apesar da grande frequência com que esse aviso aparece, o
glúten ainda é encontrado em uma infinidade de outros produtos industrializados
que também consumimos. Saber quais os cuidados ao ingerir esses alimentos é
importante tanto para pessoas que possuem intolerância à substância - a chamada
doença celíaca - quanto para quem não possui, já que o glúten traz algumas
mudanças em nosso organismo. A seguir, você confere o que especialistas recomendam
sobre esse consumo:
O QUE É O GLÚTEN?
"O glúten nada mais é do que uma proteína de
tamanho grande, formada por duas proteínas menores chamadas gliadina e
glutenina. Ele é encontrado junto ao amido, em cereais como trigo, centeio,
cevada, triticale e malte", conta a nutricionista Maíra Barreto Malta, da
UNESP. "Todos os alimentos derivados desses grãos, como farinha de trigo,
cerveja e uísque, também possuem glúten em sua composição", completa. Essa
substância possui diferentes finalidades na produção dos alimentos. No processo
de fermentação do pão, por exemplo, o glúten contido na farinha de trigo é
responsável pela permanência dos gases no interior da massa, fazendo com que o
pão aumente de volume e não diminua após esfriar. "Assim como carne e
alguns vegetais, o glúten pode ser usado como fonte de proteínas para o
corpo", diz Vera Lúcia Sdepanian, chefe do Departamento de
Gastroenterologia da Unifesp. Quando é cozido, ganha uma consistência firme,
parecida com a da carne vermelha, e pode ser servido sem nenhum outro
ingrediente além de temperos. Normalmente, em restaurantes vegetarianos, o
caldo de glúten cozido é usado para dar mais gosto ao prato.
ELE FAZ MAL?
A nutricionista Maíra afirma que o glúten não faz
mal para pessoas sem a doença celíaca, pois pessoas "não doentes" não
sofrem as reações químicas que danificam o intestino. "Há alguns relatos
de pessoas que se sentem com distensão abdominal ao consumir grande quantidade
de alimentos ricos em glúten, mas esse sintoma não tem nada a ver
especificamente com essa proteína", explica. O problema em consumir
alimentos que possuem glúten não está nessa proteína em si, mas sim nas outras
características desses alimentos. "As opções ricas em glúten são bastante
energéticas. Como a energia é armazenada no corpo em forma de gordura, o
consumo exagerado desses alimentos pode levar ao aumento de peso, obesidade e
posteriormente ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares crônicas",
explica a nutricionista. Pessoas não celíacas também podem ter reações ao
ingerir esses alimentos, mas relacionadas a outros distúrbios. "Muitos na
verdade são alérgicos ao trigo, mas associam os sintomas dessa doença, como a
urticária, à ingestão de glúten, o que é totalmente incorreto", conta a
nutricionista Vera.
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